"Estou elaborando a pauta para a assembleia que discute as próximas ações da escola". A declaração poderia ser do diretor, mas é de Tiago de Almeida, um aluno de oito anos, ao receber a equipe de reportagem. O menino é reflexo de uma mudança de mentalidade no trato da educação. A pequena escola estadual Hegésippo Reis, no bairro de Nova Descoberta, pode ser o epicentro de uma revolução no ensino público. Seu projeto foi adotado em outras escolas e já atraiu dois jovens voluntários de São Paulo, que ficaram sabendo pela internet.
O pivô da mudança é a educadora Cláudia Santa Rosa, que assumiu a coordenação pedagógica no segundo semestre de 2006. Primeiro, ela mudou os agrupamentos das crianças, que eram unidas por séries e passaram a ser distribuídas por necessidades de aprendizado. "Em uma sala, podem ficar crianças que ainda não aprenderam determinados pontos de linguagem, embora tenham níveis diferentes em matemática" exemplifica Cláudia. "Cheguei aqui e vi crianças do quarto ano que não sabiam ler nem escrever. Hoje o aluno não avança se não aprender um assunto específico", acrescenta.
Ela também implantou oficinas de "números", "projetos" e "linguagem", além de uma sala de leitura e de um espaço para danças e apresentações de trabalhos. Tudo isso com verbas de R$ 6 mil que a escola recebeu em dezembro de 2006, de R$ 7 mil em fevereiro de 2008 e de R$ 14 mil em abril deste ano. "Uma coisa que me assustava quando cheguei era ver gente chorando, envolta em uma enorme quantidade de problemas. E os pais já estavam decididos a tirar seus filhos da escola", relembra. Ela observa que mesmo com os avanços (a Hegésippo tornou-se referência nacional no ensino público fundamental), ainda há muito a ser feito. "O projeto tem que ser cada vez mais fortalecido, para que no futuro os índices de evasão e repetência caiam", finaliza. Cláudia fez uma tese de doutorado sobre uma escola portuguesa e aplicou uma versão do projeto desenvolvido lá, chamado de "Casa de Saberes".
Leitura
O lugar preferido das crianças da escola Hegésippo Reis é a sala de leitura. "A sala tem livros excelentes", diz Vanessa Lidiane Medeiros, oito anos. Entre seus livros favoritos estão Miudinha, do poeta paraibano Jessier Quirino, e Cadê o meu o meu travesseiro, da escritora carioca Ana Maria Machado. Vanessa, que quer ser professora quando crescer, conta que a nova "febre" na escola são as conferências e os debates sobre os livros lidos pelos estudantes.
A literatura também atrai Evelin Beatriz, 10. Ela organiza em sua casa, às quartas-feiras, o "Chá de Chocolate com Leitura". A cada encontro, um aluno leva uma lista de livros e alguns deles são escolhidos pelo grupo para ler.
Voluntário trabalha com alunos "problema"
Thiago Baptistella Cabral, 22 anos, era um estudante de Ciências Biológicas em Botucatu (SP) quando começou a se interessar por educação. Através do amigo Frederico Horie, 24 anos, também estudante de Ciências Biológicas, ele teve acesso, pela internet, à tese de doutorado de Cláudia Santa Rosa. "O projeto era perfeito para o nosso interesse de participar de processo educativo diferenciado", afirma ele.
No final de 2008, ele escreveu para Cláudia com o intuito de participar do Casa de Saberes. O pedido foi aceito e hoje ele contribui voluntariamente com a coordenação da escola. O que mais atrai o jovem é a possibilidade de trabalhar com o que a maioria das pessoas rotulou como alunos "problema", aqueles que têm mais dificuldades de aprendizado ou de relacionamento. "Nosso trabalho de conclusão de curso em Botucatu foi sobre esse tipo de aluno, que muitas vezes é incompreendido. A gente precisa conhecê-lo melhor, dar mais oportunidades a ele", opina.
Assim como o amigo, Thiago ainda não conseguiu se manter financeiramente em Natal e recebe ajuda dos pais. Mas ele espera o concurso público para professor na prefeitura de Parnamirim e a resposta de escolas particulares nas quais deixou currículos.
O pivô da mudança é a educadora Cláudia Santa Rosa, que assumiu a coordenação pedagógica no segundo semestre de 2006. Primeiro, ela mudou os agrupamentos das crianças, que eram unidas por séries e passaram a ser distribuídas por necessidades de aprendizado. "Em uma sala, podem ficar crianças que ainda não aprenderam determinados pontos de linguagem, embora tenham níveis diferentes em matemática" exemplifica Cláudia. "Cheguei aqui e vi crianças do quarto ano que não sabiam ler nem escrever. Hoje o aluno não avança se não aprender um assunto específico", acrescenta.
Ela também implantou oficinas de "números", "projetos" e "linguagem", além de uma sala de leitura e de um espaço para danças e apresentações de trabalhos. Tudo isso com verbas de R$ 6 mil que a escola recebeu em dezembro de 2006, de R$ 7 mil em fevereiro de 2008 e de R$ 14 mil em abril deste ano. "Uma coisa que me assustava quando cheguei era ver gente chorando, envolta em uma enorme quantidade de problemas. E os pais já estavam decididos a tirar seus filhos da escola", relembra. Ela observa que mesmo com os avanços (a Hegésippo tornou-se referência nacional no ensino público fundamental), ainda há muito a ser feito. "O projeto tem que ser cada vez mais fortalecido, para que no futuro os índices de evasão e repetência caiam", finaliza. Cláudia fez uma tese de doutorado sobre uma escola portuguesa e aplicou uma versão do projeto desenvolvido lá, chamado de "Casa de Saberes".
Leitura
O lugar preferido das crianças da escola Hegésippo Reis é a sala de leitura. "A sala tem livros excelentes", diz Vanessa Lidiane Medeiros, oito anos. Entre seus livros favoritos estão Miudinha, do poeta paraibano Jessier Quirino, e Cadê o meu o meu travesseiro, da escritora carioca Ana Maria Machado. Vanessa, que quer ser professora quando crescer, conta que a nova "febre" na escola são as conferências e os debates sobre os livros lidos pelos estudantes.
A literatura também atrai Evelin Beatriz, 10. Ela organiza em sua casa, às quartas-feiras, o "Chá de Chocolate com Leitura". A cada encontro, um aluno leva uma lista de livros e alguns deles são escolhidos pelo grupo para ler.
Voluntário trabalha com alunos "problema"
Thiago Baptistella Cabral, 22 anos, era um estudante de Ciências Biológicas em Botucatu (SP) quando começou a se interessar por educação. Através do amigo Frederico Horie, 24 anos, também estudante de Ciências Biológicas, ele teve acesso, pela internet, à tese de doutorado de Cláudia Santa Rosa. "O projeto era perfeito para o nosso interesse de participar de processo educativo diferenciado", afirma ele.
No final de 2008, ele escreveu para Cláudia com o intuito de participar do Casa de Saberes. O pedido foi aceito e hoje ele contribui voluntariamente com a coordenação da escola. O que mais atrai o jovem é a possibilidade de trabalhar com o que a maioria das pessoas rotulou como alunos "problema", aqueles que têm mais dificuldades de aprendizado ou de relacionamento. "Nosso trabalho de conclusão de curso em Botucatu foi sobre esse tipo de aluno, que muitas vezes é incompreendido. A gente precisa conhecê-lo melhor, dar mais oportunidades a ele", opina.
Assim como o amigo, Thiago ainda não conseguiu se manter financeiramente em Natal e recebe ajuda dos pais. Mas ele espera o concurso público para professor na prefeitura de Parnamirim e a resposta de escolas particulares nas quais deixou currículos.
para saber mais:http://casadesaberes.blogspot.com/
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