sábado, 9 de abril de 2011

NOTAS

Algo novo no ar



EDITORIAL DO OPINIÃO SOCIALISTA Nº 421


• A vida dos operários da construção civil já foi relatada em verso e prosa. Músicos como Chico Buarque (Pedro Pedreiro) e Zé Geraldo (Cidadão) cantaram a dureza de seu dia a dia. Poetas e repentistas: é hora de voltar a falar deles.

Vários canteiros das grandes obras do país foram sacudidos por greves radicalizadas nas últimas semanas. Em alguns casos, verdadeiras rebeliões. Algo novo no ar: o movimento operário está de volta.

Empurrados para diante pela exploração brutal nessas obras. Embalados pelo crescimento da economia, que dá maior segurança a eles sobre seu emprego. Um exemplo que rapidamente se estendeu a outros lugares.

Começou com o canteiro das obras da hidroelétrica de Jirau, logo seguido em outro canteiro em Porto Alegre, outro na Bahia, em Pernambuco, no Rio, entre outros estados. Em um momento, quase cem mil operários estavam em greve.

A radicalidade nos enfrentamentos
Durante essas greves, está sendo muito comum a utilização de métodos radicais, com enfrentamentos com a polícia, destruição de casas e mesmo canteiros de obras.

Isso indica uma grande disposição de luta e uma insatisfação acumulada. E agora, mais além dessas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), os trabalhadores da construção civil de Fortaleza se preparam para sua campanha salarial que já originaram greves com grande número de enfrentamentos.

O PAC questionado
As greves mostraram ao país a situação dos trabalhadores nas obras do PAC. Recebem salários miseráveis, têm condições de trabalho lamentáveis, com práticas de humilhação e opressão.

Tudo muito diferente da situação das empresas, beneficiadas com contratos milionários.

A construção civil no Brasil vem crescendo em um ritmo acelerado, com índices “chineses”, que atingem 15% ao ano. Com a perspectiva da Copa e da Olimpíada, além da expansão das moradias populares, existe uma tendência de continuidade de forte crescimento.

A combinação entre o crescimento econômico e superexploração vai criando vários barris de pólvora em todo o país.

A crise dos sindicatos
As greves revelaram também a falência da CUT e Força Sindical. Na maior parte dos casos, os sindicatos não representavam ninguém e nem eram reconhecidos pela base.

Não foi por acaso que o governo petista, que em geral só reconhece essas duas centrais pelegas teve de aceitar a participação da CSP-Conlutas na reunião nacional que discutiu a crise no setor.

Durante a reunião, a CSP-Conlutas foi a única a reivindicar a mudança real na situação dos operários, com o fim da terceirização e a contratação com salários dignos dos empregados.

Em uma luta é fundamental saber quem é seu inimigo
Mais uma vez fica claro para quem o PT governa. As empresas se beneficiam dos contratos milionários do PAC. O governo, que tem enorme poder de pressão sobre elas por estar financiando essas obras, nada faz pelos trabalhadores.

Os operários da construção civil não têm em Dilma uma aliada. As empreiteiras da construção civil são uma das maiores fontes de financiamento das campanhas do PT.

Um exemplo a ser seguido
Todos estão vendo a inflação reduzindo dia a dia nossos salários. Segundo o próprio IBGE, o rendimento médio real recebido nas seis maiores regiões metropolitanas do país caiu 0,5% em fevereiro na comparação com janeiro. Os salários começam a perder a corrida contra a inflação.

É por isso que o exemplo das greves da construção civil deve ser discutido pelas outras categorias de todo o país. É hora de começar a lutar pelos nossos salários.

É hora de se incorporar no plano nacional de mobilização convocado pela CSP-Conlutas que aponta o dia 28 de abril como Dia Nacional de Lutas. Unificar as lutas do funcionalismo público já em marcha, do movimento popular e dos estudantes em todo o país com os operários da construção civil.

Deputada Janira Rocha (PSOL) lembra de deputado fascista Bolsonaro no ato



DA REDAÇÃO


• O ato em defesa das liberdades democráticas e pelo arquivamento do processo dos 13 ativistas presos no protesto contra Obama acontece, coincidentemente, 47 anos após o golpe de Estado que instalou uma ditadura militar no país.

Várias falas, porém, lembraram que o tempo não eliminou os resquícios autoritários daquela época. Muito pelo contrário, em pleno Século XXI, figuras de destaque nacional se vêem à vontade de ir a público e declarar seu apreço pelos ditadores. A deputada estadual Janira Rocha (PSOL) fez questão de, no ato, denunciar os ataques racistas e homofóbicos do deputado federal Jair Bolsonaro (PP), reconhecido representante da ultra-direita.

Bolsonaro causou indignação ao proferir falas que, além de fazerem ode à ditadura militar, atacava gays e negros, no programa de humor CQC. “Tenho que falar nisso, pois hoje uma discussão que durou todo o dia na Assembleia Legislativa foi o filho de Bolsonaro, que é deputado estadual, defender o pai”, declarou a deputada.

Segundo ela, Flávio Bolsonaro defende a tese de que seu pai não havia entendido a pergunta no qual é acusado de racismo. Ao ser questionado pela filha de Gilberto Gil, Preta Gil, sobre sua atitude caso seu filho se apaixonasse por uma negra, Bolsonaro respondeu que não permitira tal “promiscuidade”. Flávio disse que seu pai havia entendido que a pergunta se referia à possibilidade de seu filho se apaixonasse “por um gay’.

“Como se for homofóbico fosse melhor que ser racista; ele disse isso porque sabe que homofobia ainda não é crime, enquanto racismo é”, explicou a deputada, lembrando que a luta contra a homofobia, o racismo e o fascismo tem que fazer parte dessa luta geral contra a criminalização dos movimentos sociais e pelas liberdades democráticas
PÉROLA
“Seria prudente que os nossos companheiros soubessem que a proposta foi combinada entre todos nós”
Ex-presidente Lula, que resolveu enquadrar os sindicalistas da CUT e da Força, chamando de “oportunismo” exigir mais do que R$ 545 para o novo mínimo (Folha de S. Paulo, 8/02)

BOLA FORA – Questionado sobre o aumento do salário mínimo, o ex-atacante Romário (PSB-RJ) soltou a pérola: “Sempre estarei do lado do trabalhador, mas nem sempre mais é melhor”.

PRIVILÉGIOS – Segundo levantamentos, existem 64 servidores para assessorar a cada um dos 81 senadores. Grande parte desse inchaço é resultado de cargos comissionados.

PROTESTOS CONTRA USINA
Essa foi a pergunta dos internautas no Twitter enquanto o mundo esperava para ouvir o discurso do ex-ditador egípcio, no dia 11. Os internautas não perderam a oportunidade para fazer uma brincadeira. Um deles postou: “Porque ele está procurando a palavra ‘revolução’ no Google.” Alguns acharam outras explicações: “O cara que escreve seus discursos está de greve”; “Está ligando pro Ben Ali (ex-ditador da Tunísia) pra saber se pode passar uns tempos com ele”.

QUEM VEIO PRA FESTA
As obras da hidroelétrica já foram autorizadas. A maior parte do desmatamento autorizado pelo Ibama para a instalação do canteiro de obras de Belo Monte vai atingir o coração da floresta amazônica, uma área nativa (ou seja, intocada pelo homem) de 238 hectares. Como se não bastasse, o grupo francês Alstom entrou na festa. A empresa fechou um contrato de cerca de 685 milhões de dólares para fornecer equipamentos para a hidrelétrica de Belo Monte. A Alstom ficou famosa depois de sustentar um esquema de caixa dois do PSDB paulista em troca de contratos com o governo do estado.

PROTESTOS E MORTE
No último dia 9, durante protesto dos funcionários do Consórcio Conest, responsável pela construção da refinaria da Petrobras em Suape, região metropolitana de Recife, um trabalhador foi baleado. Os operários reinvindicam melhores condições de trabalho, como aumento no vale-alimentação e plano de saúde. Muitos refeitórios das instalações estão fechados, o que obriga os trabalhadores a almoçar em pé. Os manifestantes fecharam uma rodovia em frente à refinaria. Um trabalhador foi baleado por um membro do Sindicato dos Trabalhadores de Suape, segundo os manifestantes. O sindicato é acusado de apoiar a firma.

PEDE PRA SAIR
Foi lamentável a postura do governo brasileiro em relação à ditadura de Mubarak. Evitando sempre qualquer declaração sobre o tema nas duas últimas semanas, o governo procurou se manter neutro, mesmo com a brutal repressão levada a cabo pela ditadura egípcia. Às vésperas da queda do ditador, um alto representante do governo afirmou claramente que o governo não pediria a saída de Mubarak. A declaração foi feita pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Ele disse que o Brasil “tem uma posição de ‘cautela, observação e apoio à democracia’ em relação aos recentes conflitos no Egito e não fará pedidos pela saída imediata do presidente”.

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