quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Movimento

SERVIDORES E ESTUDANTES OCUPAM REITORIA DA UFRN

Reitoria ocupada (foto de Livia Cavalcanti)
Servidores técnico-administrativos e estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) ocuparam nesta segunda-feira, dia 5, a Reitoria da instituição. Em greve há três meses, os trabalhadores da universidade decidiram radicalizar o movimento, seguindo o exemplo nacional da categoria, depois que as primeiras negociações com o governo federal não avançaram. Na manhã desta terça-feira, dia 6, mais de 300 técnico-administrativos realizaram uma assembleia e aprovaram a manutenção da ocupação por tempo indeterminado. No momento, cerca de 30 pessoas, entre trabalhadores e estudantes, ocupam o gabinete da Reitoria. A Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL), o Centro Acadêmico de Serviço Social (CASS) e o PSTU estão na ocupação em solidariedade ao movimento.



“Se não tem negociação, ocupar é a solução”
A decisão de ocupar a Reitoria da UFRN veio logo depois que o governo federal negou o atendimento das reivindicações da categoria. O comando de greve se reuniu na segunda-feira com as deputadas federais Fátima Bezerra (PT), Alice Portugal (PCdoB) e Rosinha (PT) para discutir o aumento do piso salarial dos servidores, que reivindicam a elevação dos atuais R$ 1.034 para R$ 1.656 e o reajuste dos benefícios dos trabalhadores, a exemplo dos auxílios alimentação e creche. De acordo com o Sindicato Estadual dos Trabalhadores do Ensino Superior (Sintest/RN), as parlamentares governistas apresentaram uma proposta de calendário para discutir o reajuste salarial dos técnicos apenas em 2013, com a condição de suspensão da greve.

Os servidores rejeitaram a proposta e decidiram ocupar a Reitoria como forma de pressionar o governo Dilma para que atenda as reivindicações e reajuste os rendimentos dos trabalhadores, já muito defasados. Para se ter uma ideia do arrocho sofrido pela categoria, basta observar, por exemplo, que o auxílio creche de R$ 304 está congelado desde 1995. Dessa forma, não é à toa o anúncio que fazem as faixas colocadas no gabinete da Reitoria aos que visitam o local: “Se não tem negociação, ocupar é a solução”. Outras reitorias de universidades do país também estão ocupadas, como é o caso da UFRGS, UFSM, UFPR, UFAL, UFF.

PT e PCdoB se esconderam da ocupação
O DCE da UFRN, que majoritariamente é dirigido pelo PT, tem se escondido do movimento de ocupação. Segundo a estudante de História Géssica Régis, a participação do Diretório Central dos Estudantes no acampamento está ocorrendo graças ao empenho da ANEL e do Centro Acadêmico de Serviço Social, junto com o auxílio dos partidos de esquerda POR e PSTU. “Nós, que fazemos parte da ANEL, apoiamos a greve dos servidores e estamos presentes neste movimento, tanto aqui no acampamento, como passando nas salas de aula para divulgar o nosso apoio à greve.”, disse a estudante. A juventude do PCdoB, que também faz parte do DCE, assim como o PT, não está participando da ocupação para evitar confrontos com o governo Dilma, responsável, por exemplo, pelo corte de R$ 3 bilhões só do orçamento da educação no início deste ano.

O diretor do Sindicato dos Bancários no Rio Grande do Norte e militante do PSTU, Juary Chagas, esteve presente na assembleia que aprovou a ocupação. Ele criticou o governo Dilma e declarou o apoio do partido ao movimento. “Os trabalhadores estão enfrentando a dureza e a intransigência do governo Dilma, que se nega a reajustar os salários do funcionalismo público, mas vai destinar só esse ano R$ 954 bilhões do orçamento do país para o pagamento da dívida pública aos banqueiros. O governo argumenta que não pode dar aumento de salário por causa da crise econômica. Entretanto, o Brasil cresceu muito nos últimos anos e continua crescendo agora. Então por que os trabalhadores não podem receber a sua parte nesse crescimento? Nós, do PSTU, apoiamos integralmente esse movimento e afirmarmos que só é possível combater o arrocho salarial se enfrentarmos os ataques do governo Dilma.”, defendeu Juary.

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