sexta-feira, 11 de novembro de 2011


Soltos, invasores da USP agora tentam greve de estudantes

Grupo de 72 pessoas foi liberado após sindicatos pagarem fiança de R$ 39.240

Invasores da USP comemoram obtenção do alvará de soltura em frente ao 91º DP, na zona oeste de São Paulo
Invasores da USP comemoram obtenção do alvará de soltura em frente ao 91º DP, na zona oeste de São Paulo (Hélio Hilarião/Folhapress)
Todos os 72 invasores da Universidade de São Paulo (USP) pagaram fiança de 545 reais e foram liberados do 91º Distrito Policial, na Zona Oeste de São Paulo. O último preso deixou o local às 3h45 desta quarta-feira. Um grupo de manifestantes passou a madrugada em frente à delegacia gritando palavras de ordem. Cada vez que um preso passava para o Instituto Médico Legal (IML), ao lado da delegacia, era aplaudido. Quando os estudantes liberados se uniam ao grupo, eles exibiam o alvará de soltura e se juntavam ao coro. 
Leia também:

Por volta das 19 horas desta terça-feira, ocorreu na Faculdade de História, no campus da USP, uma assembleia com cerca de 2.000 estudantes para discutir os rumos do movimento. De dentro do ônibus onde estava detido, um dos presos telefonou para os coordenadores da assembleia e pediu que fosse colocada em votação uma greve geral de estudantes. A greve foi aprovada pela maioria ─ quase todos alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
Além de pedir a expulsão da Polícia Militar do campus, a assembleia de alunos decidiu fazer mais duas reinvindicações: a não punição dos envolvidos nas ocupações da FFLCH e da Reitoria e a criação de um plano paralelo de segurança. Alguns também cogitavam acampar na Cidade Universitária. Ficou acertado que cada faculdade deverá, ao longo desta quarta-feira, convocar assembleias para votar a adesão ou não à greve.
O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) e a Associação dos Docentes da USP (Adusp) também vão discutir se aderem ou não à paralisação. Nesta quinta-feira, às 12h30, haverá uma assembleia no prédio do Sintusp, na Avenida Luciano Gualberto, Cidade Universitária, que votará a pauta. A Adusp, por sua vez, marcou uma reunião para às 12h desta quarta-feira. No encontro, a presidente Heloísa Borsari discutirá com os seis diretores da associação se farão uma assembleia para votar uma greve.
Na terça-feira, manifestantes bloquearam as duas entradas da Faculdade de Letras da USP e fizeram protestos e assembleias. Não houve aulas e apenas uns poucos alunos que chegaram mais cedo conseguiram fazer uma prova, de latim. Um grupo de quatro alunas e dois professores do Cursinho do Crusp (Conjunto Residencial da USP) relatou que não pôde usar as salas ─ funcionários trancaram as portas porque alunos estavam retirando carteiras para barricadas. Houve uma tentativa de usá-las para impedir as aulas na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), mas alunos contornaram os obstáculos. 
Fiança - A liberação do grupo foi possível porque uma equipe de advogados pagou no início da noite fiança de 39.240 reais. O dinheiro foi arrecadado entre sindicatos ligados à Central Sindical Popular Conlutas. A organização, que reúne mais de 500 entidades, foi acionada pelo sindicato dos funcionários da USP, o Sintusp, que incita os alunos ao combate desde o início das manifestações, na semana passada.
Entre os presos estavam 68 são estudantes e 4 funcionários da universidade. De acordo com o delegado do 91º DP Dejair Rodrigues havia entre os invasores alunos de uma instituição de ensino da Paraíba e de faculdades do interior do estado. O grupo foi assistido pela advogada Eliana Lúcia Ferreira,  da Conlutas, e por outros três advogados. Foram eles que orientaram os presos a não responderem as perguntas dos policiais. Segundo o delegado Rodrigues, todos os interrogados disseram que só falarão em juízo.

Nenhum comentário: