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POLÍTICA | Doce esquerda

por Redação

/ PAZ E AMOR / EM PICNIC COM DIREITO A SARAU POÉTICO, PSTU AMENIZA O DISCURSO AO HOMENAGEAR AMANDA GURGEL, CANDIDATA A VEREADORA

Texto: TALLYSON MOURA

DO NOVO JORNAL

“ESQUERDA NÃO É só pauleira, não é só dureza, não é só luta. Nosso sonho é construir uma sociedade que seja poesia”. A fala é do pré-candidato a prefeito de Natal Robério Paulino Rodrigues (PSOL), mas traduz perfeitamente o Picnic Político Poético do PSTU, realizado no último sábado, 26. O evento, que muito lembrava uma celebração “paz e amor” da década de 70, reuniu dezenas de entusiastas da pré-candidata a vereadora, Amanda Gurgel. O tom continuava de protesto, mas tudo com muito bom humor, músicas e versos.

O clima era meio que bucólico. Sobre um extenso tapete de grama, dezenas de pessoas, a maioria jovens, se sentaram em círculo, não em cadeiras, mas sobre cangas. Por todos os lados, cartazes com poesias. A iluminação, composta também por velas, compunha o cenário alternativo. Ao fundo do longo campo, em um palco de madeira, um equipamento de som distraiu por horas os convidados.

Para a visão da década de 70, faltava, no entanto, um grande detalhe: fumaça. Tirando aquela que saia da churrasqueira, não se viu nenhuma nuvem branca ou cinza pelo espaço. Cigarro estava proibido. Quem quisesse fumar teria que ir para a área dos fumantes, que era depois do portão de entrada, do lado de fora da casa.

O momento poético não começou às 17h, como estava previsto no convite. É que a homenageada do dia, Amanda Gurgel, só chegou ao local por volta das 18h15. Mas enquanto esperavam, os adeptos do socialismo não ficaram de braços cruzados. O PPP (sigla criada pela organizadora) da Amanda tinha cerveja, churrasquinho, sangue de boi, caldo, tudo a disposição dos convidados que estivessem com dinheiro no bolso.

O dinheiro arrecadado com a comercialização destes produtos é o que vai financiar a campanha da pré-candidata, segundo a dona da casa que recebeu o evento, Sheila Dourado. “Quem financia a campanha dos trabalhadores que estão pleiteando um cargo político são os próprios trabalhadores. A gente tem essa consciência”, ressaltou. E realmente nada era de graça. O repórter foi apresentado à edição mais recente do jornal de circulação nacional Opinião Socialista, que continha uma matéria falando da união dos partidos PSTU e PSOL em Natal. “Acho que pode ajudar na sua matéria. Custa apenas R$ 2”, adiantou um dos militantes.

Por volta das 19h, o picnic se transformou em um grande sarau. As pessoas se inscreviam, e seguindo a uma ordem de nomes, iam até o palco e liam poesias feitas por eles mesmos, ou por autores famosos. A mensagem era sempre a mesma. A palavra-chave: luta.A pré-candidata Amanda Gurgel sentou-se descontraída a frente do palco. Sorria, aplaudia, vibrava com cada uma das poesias lidas ao microfone. Apesar de ser a homenageada, não foi ela quem leu o primeiro texto.

O texto de abertura do sarau era uma referência ao caso recente de Pinheirinhos em que mais de 1.200 famílias foram retiradas de suas casas. “E se o jogo te põe na sarjeta / e o banqueiro te toma as gorjetas / e os moleques chorando por pão / quando guerra é palavra aberta / a palavra medo se aquieta / Luta é a palavra que resta / Luta ou escravidão”. O autor é Lucas, que estava presente no evento.

Apesar de ser um evento com foco na campanha de Amanda, não se observou ninguém pedindo voto. Quem foi até o PPP já sabe exatamente que nome vai botar na urna. Este é a segunda reunião deste tipo. O próximo será uma espécie de arraial do Cuscuz Alegado, nome que remete a um dos trechos do vídeo que deixou Amanda Gurgel conhecida nacionalmente há pouco mais de um ano.