segunda-feira, 14 de maio de 2012


Salvamento dos bancos e cortes sociais: a fórmula do sistema da dívida se repete na Espanha
Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 13/5/2012 – www.auditoriacidada.org.br

Ontem, os espanhóis foram em massa às ruas para protestar contra os cortes de gastos públicos, que têm gerado desemprego em massa. Apesar da grande imprensa brasileira dizer que tais manifestações são “contra as medidas de austeridade impostas para conter a crise financeira”, é preciso ressaltar que tais “medidas de austeridade” significam, por exemplo, o recente aporte de mais 10 bilhões de euros de dinheiro público para o Bankia, quarta maior instituição financeira da Espanha, quando foi nacionalizada pelo governo do Partido Popular (direita). A medida tem por objetivo sanear as contas da entidade, que nos últimos anos foi inundada por papéis podres, colocando em risco as poupanças de seus clientes. Esta injeção de mais 10 bilhões de euros no banco Bankia foi tomada logo após os anúncios de cortes de mais de 10 bilhões de euros em educação e saúde, o que levou os espanhóis em massa às ruas.
No pacote do governo, também está prevista a criação de “bancos podres”, conforme noticiado pela Folha de SP. Os bancos podres, ou bad banks, são instituições criadas especialmente para receber os ativos tóxicos e “aliviar” o funcionamento do banco. A criação dessas instituições não era admitida pelas autoridades até bem pouco tempo, mas agora é vista como única solução possível para a crise. A Auditoria Cidadã da Dívida vem denunciando que tais instituições funcionam como verdadeiros armários que abrigam tais papéis podres, até que se seja encontrada alguma destinação para esses. Nesse sentido, alertamos para o enorme risco de que grandes fundos financeiros – Funpresp, Fundo Soberano, Fundo Social do Pré-Sal, entre outros -venham a absorver esses papéis, importando para o Brasil a causa da atual crise financeira.
Os jornais de hoje anunciam que o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional elogiaram as medidas do governo espanhol e pediram até mesmo seu aprofundamento. Trata-se de uma repetição das medidas já ocorridas em outros países europeus e nos Estados Unidos: o Estado concede aos bancos todas as regalias possíveis (inclusive sob a forma de recursos públicos) à custa de severas agressões aos direitos sociais. Isso a despeito de as instituições financeiras privadas serem as grandes responsáveis pela crise, já que utilizaram as economias dos cidadãos para emissão de papéis (como os derivativos) sem lastro.

JPMorgan Chase anuncia prejuízo de US$ 2 bilhões
Enquanto isso, nos Estados Unidos da América, o JPMorgan Chase, um dos maiores bancos de investimento do país, anunciou prejuízo recorde de US$ 2 bilhões, alegando “erro de estratégia”. O banco foi um dos beneficiados pelo aporte de US$ 16 trilhões de dólares feito pelo FED (Banco Central dos Estados Unidos) entre dezembro de 2007 e junho de 2010, tendo recebido, no total, US$ 391 bilhões de dólares, como revelou auditoria promovida pelo Departamento de Contabilidade Governamental. Ao que parece, as estratégias de salvamento não têm resultado em maior responsabilidade dos bancos na aplicação dos recursos.

Na Grécia, a população mostra-se contrária à troika

Na Grécia, as tentativas de formação de um governo após as eleições do último domingo (6) fracassaram. Os partidos favoráveis ao memorando da troika (Nova Democracia e PASOK, respectivamente, primeiro e terceiro mais votados) não conseguiram apoio para formar uma maioria parlamentar. Provavelmente, serão convocadas novas eleições para o mês de junho e o partido de esquerda SYRIZA, que surpreendeu ao obter a segunda colocação no último domingo, já aparece como líder nas pesquisas de opinião caso ocorra um novo pleito. Cabe lembrar que a deputada grega Sofia Sakorafa, que participou do Seminário Internacional organizado pela Auditoria Cidadã da Dívida em novembro/2011 é uma das principais líderes do SYRIZA.
O partido SYRIZA apóia a formação de uma comissão internacional de auditoria da dívida e rejeita as medidas de austeridade impostas pela troika, que reúne representantes do Banco Central Europeu, do FMI e da Comissão Européia.








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