segunda-feira, 14 de outubro de 2013

POLÊMICA ACERCA DOS BLACK BLOCs

AINDA SOBRE A POLEMICA ACERCA DOS BLACK 

Semana passada postei aqui uma mensagem enaltecendo a luta dos educadores do Rio, falando da linda manifestação realizada na segunda feira (7) naquela cidade. Nesta mesma mensagem fiz uma dura crítica à ação protagonizada pelos Black Blocs ao final da manifestação. Houve muita polemica nas redes sociais acerca desta mensagem.

Volto a ela aqui porque quero registrar que cometi um erro naquele post. A forma com que abordei o assunto não foi correta. Em particular a frase que está no título "chega de black blocs", não corresponde ao conteúdo da opinião que considero correta acerca deste agrupamento.

Como já disse em várias outras ocasiões, compreendo a revolta que move estes jovens, em sua luta contra as injustiças da sociedade em que vivemos, ou contra a violência com que a polícia trata as manifestações dos trabalhadores e da juventude. É nestas injustiças e na violência da polícia que repousa a responsabilidade pelo que temos visto nas ruas nos últimos meses.

Por tudo isso defendemos os Black Blocs contra os ataques que sofrem da repressão e do Estado. Agora mesmo estão sob ataque da polícia e da justiça do Rio e, mais uma vez, estaremos na linha de frente da sua defesa.

Faço questão que registrar isso aqui, no entanto, também para que não pairem dúvidas acerca da natureza das diferenças que tenho com eles e das críticas que, sim, mantenho contra as suas práticas. O episódio da segunda passada é emblemático: a polícia estava acuada durante toda a manifestação que aconteceu no centro do Rio.

A pressão da sociedade em apoio aos educadores e de repúdio à violência com que a polícia havia tratado a manifestação anterior, o tamanho da manifestação, tudo isso colocou a polícia na defensiva. A ação dos Black Bloc, ao final, teve como resultado uma mudança nesta situação. Levou a que o foco da repercussão, no dia seguinte, não fossem os 40 mil nas ruas apoiando os educadores, e sim os confrontos no centro da cidade.

Deu espaço para que o governo fosse a público debater os confrontos, e não as reivindicações dos educadores. Isto não ajuda o movimento. Ajuda a tergiversação dos governos Sergio Cabral e Eduardo Paes. É preciso que se reflita sobre o porque da dificuldade destes agrupamentos em enxergar algo que é tão óbvio...

Mas o problema maior nem está aí, pois ninguém é obrigado a concordar com as opiniões que expresso aqui. A própria direção do SEPE já externou opiniões acerca deste episódio, que não são necessariamente iguais as minhas. E outras opiniões devem existir, com certeza.

A obrigação que todos têm, sim, (inclusive os Black Bloc se querem mesmo apoiar os educadores) é de submeter-se aos fóruns democráticos da categoria que está lutando. São os educadores que devem definir como organizar suas manifestações, inclusive a reação à repressão policial.

Porque os Black Bloc se julgam no direito de ignorar isso? As críticas que eles têm às organizações sindicais dos trabalhadores (que podem ser até legítimas) não lhes dão o direito de desrespeitar estas organizações e os trabalhadores representados por elas.

Algumas ideias difundidas neste debate, de que os Black Blocs seriam uma força necessária para defender os educadores, e todas as manifestações dos trabalhadores e jovens, da violência da polícia são, na melhor das hipóteses, expressão de pura ingenuidade. Alguém acha seriamente que os Black Bloc tem de fato condições de enfrentar o aparato militar da PM do Rio?

E, na pior das hipóteses, é a repetição de praticas que não são novidade na história, onde uma pequena vanguarda toma para si a tarefa de enfrentar o sistema no lugar das massas. Não há um só exemplo em que isso tenha acabado bem.

O que fazer com a violência policial contra as nossas manifestações? Um bom exemplo foi a decisão que, me parece, tomou o SEPE: organizar com os próprios educadores a autodefesa de suas lutas e manifestações. A emancipação dos trabalhadores será obra deles próprios, dizia Marx. As tarefas de segurança de suas lutas é uma das mais importantes desta caminhada.

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