terça-feira, 20 de novembro de 2007

MANIFESTAÇÃO DAS CASAS


“ Rostos rudes, feridos pelo inverno, mãos pesadas e rachadas, dedos amarelados do tabaco, botões caindo, cintos frouxos e longas botas rugosas e bolorentas. A nação plebéia, pela primeira vez, enviou uma representação honesta, feita a sua própria imagem e sem retoques” - Leon Trotsky.
Aqui, nessa breve referência, o revolucionário russo descreve com sensibilidade e realidade uma delegação proletária enviada ao II Congresso dos Sovietes em Outubro de 1917 ainda sob os trovões dos canhões da revolução que mudaria o mundo.
A história dos oprimidos se repete dia-a-dia, sob o réquiem da opressão e da humilhação cotidianas. Medo e coragem andam, trilham os mesmos caminhos cotidianamente. Em todo o mundo assistimos aos apelos das nações exploradas, povos subjugados e espoliados pelo poder do capital. Os explorados, em sua maioria, desconhecem o caminho da libertação proletária. E, desconhecem também os seus opositores reais de classe.
Tal como os proletários russos de 1917, os trabalhadores da nossa cidade (Currais Novos) e particularmente os moradores da “favelinha” e de toda a periferia sofrem a humilhação secular imposta pelos poderosos oligarcas de plantão.
O proletariado e os camponeses russos impuseram aos exploradores um Estado feito a sua própria imagem, ou seja, um Estado cujo protagonista principal era o trabalhador.
Quem passou no dia 13 diante da Prefeitura viu uma manifestação dos trabalhadores e moradores da favelinha do Bairro Sílvio Bezerra. Somente um Blog da cidade fez menção à manifestação. E mesmo assim, não procurou refletir, nem sequer tentou conversar com algum manifestante para saber mais detalhes. Como sempre se dá a versão que se quer e ponto final. Uma Rádio da cidade ouviu alguns manifestantes, mas sem nenhuma reflexão importante.
O mais grave e mais importante é que a mídia televisiva fez uma matéria com os manifestantes a caminho da prefeitura e não divulgou as imagens. No lugar da manifestação colocou um secretário falando coisas vazias e sem nexo que todos já estão cansados de saber. Esta, afinal é a democracia... dos ricos. O que esperar de uma mídia fascista e mentirosa.
Os trabalhadores e moradores beneficiados pelo programa de habitação queriam apenas conversar com o Prefeito no sentido da agilização da entrega das casas. Todas as autoridades (Prefeito,vice, os nove vereadores e os secretários), incluindo os gestores passados, sabem da precariedade e miséria daquele lugar. Mas sabem também que são pessoas humildes e com acesso a pouca informação. Para estes senhores são apenas estatísticas e votos para mantê-los sob suas botinas sujas. As elites se assustam quando o povo passa a ter consciência de seus direitos. Elas não estão acostumadas com a “violência” dos mais pobres. Olham sempre com muita repugnância.
Esta manifestação foi um ato de bravura, pois como saiu no referido Blog: “eram faixas de tnt, e sem carro de som, o que demonstrava que não havia nenhum figurão da política local por trás”. Por isso mesmo ela teve respaldo da população. Foi um movimento organizado, autônomo, político, de classe e pacífico para denunciar a lerdeza da administração local diante de uma situação de conflito.
O ato teve o apoio e a solidariedade na prática do PSTU (partido socialista dos trabalhadores unificado que faz uma oposição de esquerda ao governo Lula, Vilma e Zé Lins) e da CONLUTAS ( Coordenação Nacional de Lutas – que hoje faz oposição a CUT que é governista).
Foi um ato exemplar para todos que são explorados e oprimidos da nossa cidade. O caminho para a justiça não passa pelos parlamentos corruptos, nem pelas eleições mais corruptas ainda. O caminho para os humilhados do mundo já foi trilhado milhares de vezes. Autonomia de classe, organização dos trabalhadores e luta para a construção de uma sociedade sem exploração, esse é o caminho.

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