terça-feira, 20 de novembro de 2007

TROPA DAS ELITES



AS TROPAS DAS ELITES

Em meio às acirradas polêmicas e efervescente projeção na mídia o filme “Tropa de Elite”, verdadeira virose nacional, teve o mérito de explorar como poucos o caótico quadro de insegurança pública nos grandes centros urbanos brasileiros.
Em cena, o BOPE – a tropa da PM que invade as favelas com o temível Caveirão – um vilão que já posa de herói no turbulento imaginário da classe média, sempre repleto de ícones Hollywood B. Não resta dúvida que o filme virou uma comoção nacional. Contudo, tratemos de recorrer ao crivo da razão para não sucumbir de vez à barbárie liberalizante atual.
No Brasil a polícia emerge da necessidade das elites locais em controlar uma massa cada vez mais crescente de desocupados e desagregados do sistema escravista. É notório o papel da polícia: a manutenção da ordem e tudo o que isso implica. O BOPE – Batalhão de Operações Especiais é retratado no filme como uma tropa de elite que tem uma função específica dentro da corporação policial. Reprimir a “banda podre da polícia” e combater tudo aquilo que o policiamento convencional não consegue resolver. O BOPE usa uniforme diferenciado (negro), os símbolos são especiais, o armamento é pesado (de guerra), o treinamento é de tropa especial, a metodologia de ação é planejada de forma a eliminar “o inimigo” e como mostra o filme, a tortura é utilizada como método de interrogatório.
A propaganda fascista se inspirava principalmente no uso irracional da violência. Diziam: “a verdade é tudo aquilo que o mais forte consegue impor” (Schmidt,1996:213). O Bope uma força policial infalível e incorruptível, opera sob ideais fascistas de “ordem”, “disciplina” e “respeito à autoridade”. Assim surgiu os camisas negras italianos - tropas de desordeiros e mal feitores que seguiam Mussoline cegamente.
Ninguém deve se iludir. O narcotráfico opera sob a lógica corporativa do capital, sem ética e sem idealismo social. Da mesma forma, que ninguém se iluda com o aparato de repressão estatal. Quando os sem-teto do Recife ou daqui saem às ruas em busca de solução para o drama da moradia popular nas cidades, lá está a PM, pronta para reprimi-los.
Uma pergunta não quer calar. O BOPE está serviço de que e de quem quando invade favelas?



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