sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

independência de classe

Sobre a independência de classe
POR ANA CÉLIA

Gostaria de fazer algumas reflexões sobre a incorporação de sindicalistas em cargos governamentais. Evidentemente que não é de hoje que isso acontece. A historia está cheia de exemplos dessa natureza. Sabemos também que essa debandada não acontece apenas na educação. Outras categorias já conhecem bem o resultado disso para o movimento dos trabalhadores. Entretanto, gostaria de me deter na educação.
Não bastasse a crise econômica, a política neoliberal requentada pelo Lula e batizada de PDE (Plamo de Desenvolvimento da Educação) é apoiada pelas CNTE, centrais e sindicatos governistas. Não podemos esquecer a aliança do PT/PCdo B com o governo estadual. Ainda teremos que nos enfrentar em vários municípios com pessoas que até "ontem" eram dirigentes de regionais ou mesmo da direção estadual do SINTE. O caso mais grave ocorre no município de São Gonçalo do Amarante. É uma situação que fere o mais importante principio do movimento sindical, que é a independência frente aos governos e à classe burguesa. Alguns tentam justificar que isso é normal e pode até facilitar as relações entre trabalhadores e governos. Entendemos que isso não é possível, pois ao ficar do lado do governo os nossos "ex-companheiros" passam claramente a defender e aplicar a política governista. Quanto muito, para não serem acusados de se esquecerem da sua categoria, discursam a favor dos trabalhadores, mas silenciam diante das negativas em atender as suas reivindicações.
Um exemplo disso foi a última greve da educação na rede estadual. Quando a Secretária de Educação, Ana Cristina, cortou o salário dos professores em greve, qual foi a atitude da direção do SINTE? Além de espernear e tentar reconquistar os salários confiscados, nada pode fazer, por causa da aliança entre os partidos envolvidos (PT, PCdoB, PSB). A greve foi desviada do seu principal objetivo e, mais tarde, o governo ainda impôs a forma de reposição das aulas. Se esse exemplo for Insuficiente, lembremos da força que tinha o nosso movimento em anos anteriores e qual a força que tem hoje.
Dentre outras causas, a mais evidente é o alinhamento político entre o SINTE e os governos. Nas nossas primeiras lições sobre luta de classes aprendemos que os interesses entre as Classes que formam o sistema capitalista são irreconciliáveis. Então, enganam-se os que pensam ser possível "servir a dois senhores", parafraseando a bíblia. Não poderia deixar de lembrar o desserviço que esses senhores e essas senhoras prestam ao nosso movimento. Cada vez que alguém lembra as suas origens, partem para as generalizações e passam a pregar, desconfiadamente, que "todos são iguais, só querem um cargo, um lugarzinho no poder".
Para finalizar a nossa reflexão, aos que afirmam que ao fazer as críticas estamos dividindo os trabalhadores e enfraquecendo o movimento, respondemos: enfraquecem o movimento aqueles que se mudam de armas e bagagens para o lado dos governos, ficando confortavelmente do outro lado da trincheira, nessa cada vez mais evidente luta de classes.

Escrito por Oposição no Sinte/RN às 10h24

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