Um 8 de março marcado pela crise mundial e pela necessidade de resistência
Situação atual comprova e impõe que o Dia Internacional da Mulher seja um dia de luta da classe trabalhadora contra o desemprego
Em meados do ano passado, o mundo começou a perceber que uma grave crise estava instaurada. As autoridades não puderam mais disfarçar, os mercados não puderam ser segurados. No Brasil, o governo Lula teve de deixar de falar em “marolinha” e admitir que a crise chegou ao país. As demissões, férias remuneradas, redução de salários e outros ataques começaram em efeito dominó.
O impacto da crise sobre a classe trabalhadora está sendo brutal. Ela está pagando a conta de uma compra que não fez. Em dezembro de 2008, mais de 650 mil postos de trabalho desapareceram no país.
Na última publicação do Panorama Laboral, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontou que cerca de 2,4 milhões de pessoas devem perder o emprego na América Latina este ano. O diretor da OIT para a América Latina e o Caribe, Jean Maninat, ponderou que “haverá uma alta dose de incerteza gerada pela volatilidade da situação econômica internacional e pelos prognósticos de uma desaceleração e, inclusive, uma recessão”.
Mas existe uma particularidade: entre os setores oprimidos – mulheres, negros, homossexuais – em que os efeitos dessas medidas são muito mais profundos. O mesmo relatório da OIT concluiu que “a diferença de gênero no acesso ao emprego é persistente e a taxa de desocupação das mulheres é 1,6 vezes maior do que a dos homens” no continente.
Entre os trabalhadores informais, as mulheres representavam 60,2% em 2007. São mulheres que não têm carteira assassinada e direitos trabalhistas. No Brasil, o IBGE informou que 58,4% dos desocupados eram mulheres em dezembro. Esse número tende a aumentar.
O que pode estar por vir
Os setores oprimidos da sociedade, entre eles as mulheres, são os que sentem com mais intensidade a exploração. O capitalismo os trata como reserva de mão-de-obra barata. Segundo todas as pesquisas dos principais órgãos de estatísticas, as mulheres têm os salários mais baixos que os homens. Ela ainda tem um trabalho que realiza sem receber um tostão, como uma escrava: o trabalho doméstico, fundamental para garantir a força de trabalho.
Da mesma forma, em momentos de crise, os oprimidos são os primeiros a serem descartados. Entre as que se mantiverem trabalhando, o medo do desemprego vai aumentar o assédio moral e sexual que as mulheres já sofrem dentro das empresas. A luta para manter o trabalho vai fazer com que as mulheres vai intensificar as doenças físicas e psicológicas.
Nos lares, as mulheres sem renda ficarão mais dependentes de seus companheiros. Muitas delas estarão ainda mais vulneráveis à violência e a humilhações. O trabalho doméstico será ainda mais massacrante e a mulher estará afastada de seus companheiros e companheiras, de seus aliados trabalhadores.
Na busca por manter a taxa de lucros, os governos, a serviço dos patrões, vão começar a cortar direitos das mulheres. A licença-maternidade, a aposentadoria diferenciada e o salário-família estão ameaçados. Aqueles que as trabalhadoras reivindicam há anos e ainda não conquistaram, serão mais difíceis de ser concedidos, como o direito à creche nos locais de trabalho, lavanderias públicas etc.
Atualmente, cerca de 30% das trabalhadoras brasileiras são chefes de família. Entre as trabalhadoras, 60% são empregadas domésticas. Dessas, 80% são negras. São empregos precários, na maioria das vezes informais. Quando a crise atingir a classe média, esses serão mais postos de trabalho fechados.
O caso do governo Lula é categórico. Os cortes no orçamento atingem diretamente essas mulheres e seus filhos ao diminuir as verbas da saúde, da educação, para a construção de moradias, de combate à violência doméstica.
Mas não precisa ser assim
O quadro acima parece desesperador. Mas as mulheres trabalhadoras, unidas à sua classe, podem reverte essa situação. A história prova que as mulheres estiveram em cena em momentos decisivos de defesa dos interesses dos trabalhadores. Na página seguinte, citamos apenas alguns entre tantos.
É uma necessidade urgente a organização das mulheres para lutar e vencer. No ano passado, mulheres que não queriam mais lutar por migalhas, que compreenderam que são diferentes das mulheres ricas, que entenderam que o governo Lula financia os empresários, mas é incapaz de proteger os trabalhadores, se uniram para criar o Movimento Mulheres em Luta da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas).
Os homens trabalhadores, por sua vez, precisam entender que é preciso por um fim ao machismo para não dividir a classe e, mais fortes, enfrentarem a crise e derrotarem a exploração. A luta contra as 4.200 demissões na Embraer em são José dos Campos (SP) é uma prova de que é possível vencer em unidade.
Em todo o país, mulheres, junto com homens trabalhadores, realizarão atos de rua, palestras, distribuição de panfletos e boletins. Em São Paulo, o Movimento Mulheres em Luta fará um protesto em frente ao coração financeiro do país, a Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp).
Junte-se a elas e seja parte da resistência para inverter a situação atual, tomar em suas mãos o que é seu. Os trabalhadores que produzem a riqueza do mundo não podem pagar essa conta. Durante anos, as empresas lucraram com o nosso suor. Que paguem os patrões parasitas que criaram a crise.
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