sexta-feira, 6 de março de 2009

DIA INTERNACIONAL DA MULHER II


A luta das mulheres é de toda a classe trabalhadora

É preciso construir atos independentes dos patrões e do governo Lula contra os ataques aos salários e direitos
Janaína Rodrigues, do Movimento Mulheres em Luta da Conlutas
Todas as organizações e movimentos de mulheres, centrais sindicais e sindicatos precisam somar forças para lutar contra as demissões, contra a redução dos salários e de direitos das trabalhadoras e trabalhadores, para cobrar do governo federal medidas concretas em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras.
Enquanto os patrões demitem em massa, o governo corta verbas da saúde, educação, das políticas públicas de combate à violência contra as mulheres e da construção de creches. É possível conquistar vitórias. Aí está o exemplo da Embraer, que demitiu 4.200 trabalhadores. Com a força da luta, o Sindicato e os trabalhadores conseguiram reverter até o momento as demissões.
O governo Lula desde o início da crise, mostrou que está do lado dos patrões contra os trabalhadores. no ano passado, editou uma Medida Provisória liberando mais de R$ 160 bilhões para salvar os banqueiros, mas até agora não tomou nenhuma medida para impedir as demissões e a redução salarial.
A luta tem que ser classista
A opressão é usada para dividir a classe e fazer com que um setor – os homens – tenha a falsa impressão de ser superior. Assim, o capitalismo consegue extrair mais lucro dos oprimidos, colocando-os como inferiores e superexplorando-os por isso. É por isso que nós da Conlutas acreditamos que não é possível lutar contra a opressão sem lutar contra o capitalismo. Da mesma forma, não haverá emancipação dos trabalhadores sem combater a opressão.
A Marcha Mundial de Mulheres (MMM), comprometida com o governo e a CUT, durante anos disse às trabalhadoras que a luta das mulheres era apenas de gênero contra os homens. Nunca deixou claro que a raiz dos problemas das mulheres está na exploração que elas vivem. Logo, as mulheres burguesas, mesmo que oprimidas, não serão capazes de acabar com o machismo porque não vão combater o capitalismo que as sustenta. Por outro lado, os homens trabalhadores são aliados das mulheres trabalhadoras na luta por um mundo igualitário de verdade.
A MMM defende palavras-de-ordem genéricas, que não combatem as verdadeiras causas da opressão. Este ano, o eixo da MMM em São Paulo é “Nós não vamos pagar por essa crise! Mulheres livres, povos soberanos!”. Está correto, mas é insuficiente, pois a MMM, em momento algum, diz quem são os responsáveis pela crise – os patrões e o governo Lula – e como atacá-la. Em outros lugares, sequer fala na crise.
Nesse momento em que a classe trabalhadora precisa se preparar para enfrentar os duros golpes que os patrões e o governo vão desferir, não podemos compactuar com isso. A Conlutas, comprometida com a luta contra os ataques e chama a MMM a construir um 8 de Maio das trabalhadoras, que lhes diga quem são os verdadeiros culpados pela crise e que só lutando contra eles será possível barrar o desemprego e a miséria.
É hora de construir a unidade para derrotar os ataques sem fazer concessões. A luta das mulheres é uma luta de toda a classe trabalhadora contra a burguesia. Temos de dizer não à redução de salários, aos programas de demissões voluntárias, licenças-remuneradas e outras medidas que não garantem o emprego.
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Uma história de classe
No dia 8 de março de 1857, operárias têxteis de Nova Iorque saíram às ruas em passeata, protestando contra as péssimas condições de trabalho e os salários baixos que recebiam. Na volta, quando estavam reunidas no interior da fábrica, foram surpreendidas com uma ordem criminosa dos patrões para incendiar o galpão. O resultado foi a morte de 129 trabalhadoras.
Esta é uma das versões para o 8 de março. A verdade é que neste sistema capitalista em que vivemos as mulheres sempre estiveram presentes nas lutas.
1848 – Levante, na Prússia, pelo direito ao sufrágio feminino
1900-1907 – Movimento das sufragistas pelo voto feminino nos EUA e na Inglaterra
1907 – I Conferência da Internacional Socialista, em Stuttgart, com a presença de Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e Alexandra Kollontai. Uma das principais resoluções: “Todos os partidos socialistas do mundo devem lutar pelo sufrágio feminino.”
1910 – Em Nova Iorque, uma greve que paralisava as fábricas de tecido da cidade durou três meses. Dos trinta mil grevistas, 80% eram mulheres.
1911 – Durante uma nova greve de tecelãs e tecelões, em Nova Iorque, morrem 134 grevistas num incêndio devido à falta de condições de segurança.
1917 – No dia 8 de março, 23 de fevereiro no calendário russo, estoura uma greve das tecelãs de Petrogrado, gerando uma grande manifestação que deu início ao “ensaio geral” da Revolução Russa.
2009: a nova crise do capitalismo, que desemprega milhares de trabalhadoras e trabalhadores em todo o mundo, começa a impulsionar novamente a mulheres a estarem na rua para lutar pelos seus direitos contra a exploração e a opressão.
8 motivos para lutar!
Nenhuma demissão!
Lula deve editar uma Medida Provisória que impeça as empresas de demitirem. Elas devem usar os lucros altíssimos dos últimos anos para manter os empregos. As empresas que demitirem, devem ser estatizadas e colocadas sob controle dos trabalhadores imediatamente, a começar pela reestatização já de empresas como Embraer, Vale e CSN. Os que já foram demitidos devem ser reintegrados.
Nenhuma redução de salários e direitos
Em diversos lugares, a CUT e a Força Sindical vêm negociando redução de jornada com redução salarial para supostamente garantir o emprego. Isso é uma farsa e não pode ser aceita! O que a realidade tem demonstrado é que as demissões acontecem apesar das negociações.
Independência frente aos patrões e aos governos
Em defesa da unidade da classe trabalhadora. Que os capitalistas paguem pela crise!
Basta de violência contra a mulher!
Punição aos agressores e casas abrigo para as mulheres que sofrem violência
No Brasil, a cada 15 segundos, uma mulher é agredida em seu lar. A violência que as trabalhadoras enfrentam, normalmente, é silenciada ou escondida.
Lei Maria da Penha não corrige distorções
Lula aprovou a Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar. Porém os Projetos de Lei Orçamentária Anuais só tem reduzido os recursos para o combate à violência. Além disso, essa lei não garante de fato a punição ao agressor, assim como não garante os serviços essenciais à mulher agredida, como casas abrigo, creches, assistência médica e psicológica e estabilidade no emprego.
Legalização do aborto, já!
O aborto é um drama que atinge as mulheres trabalhadoras e pobres no Brasil. Hoje, só pode ser praticado por num hospital em caso de risco de vida da mãe ou de estupro. Calcula-se que 150 mil mulheres morram ou fiquem com seqüelas anualmente em decorrência de abortos mal feitos. Deve ser unicamente da mulher a decisão sobre ter ou não filhos, quantos, quando e como vai tê-los. Hoje este direito é dado apenas às mulheres ricas que podem pagar caro em clínicas clandestinas sem risco de morte. Legalizar o aborto é a única forma de todas as mulheres contarem com assistência médica adequada.
Pelo direito à maternidade
O Brasil é responsável por um terço das mortes maternas na América Latina, 98% delas evitáveis, segundo a OMS. Ao mesmo tempo em que proíbe e pune as mulheres que abortam, o governo Lula não garante às que desejam ser mães assistência médica durante a gravidez, creches, moradia e emprego com salários dignos para sustentarem seus filhos.
Pela saúde da mulher
Os profissionais de saúde não estão preparados para atender às necessidades das mulheres lésbicas. Já os ginecologistas não sabem como orientar uma mulher lésbica a se prevenir contra as doenças sexualmente transmissíveis. Da mesma forma, não estão preparados para as especificidades das mulheres negras, como a anemia falciforme. É necessário mais verbas para a saúde pública, construção de mais hospitais e postos de saúde, distribuição gratuita de todos os métodos contraceptivos, inclusão de itens como orientação sexual e raça nos prontuários médicos.

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