BRASÍLIA -
Apesar de os estudantes defenderem a ampliação de vagas nas universidades públicas e a garantia de acesso à educação superior para todos os brasileiros, eles criticam o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), o qual promoveria essa expansão com redução de qualidade. A posição foi manifestada pela representante do movimento pela revogação do Reuni e da diretora de Assistência Estudantil da União dos Estudantes da Bahia (UEB), Maíra Gentil, que participou de debate sobre o tema, nesta quarta-feira (22), na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).Maíra disse que o Reuni estabelece metas de aumento do número de matrículas sem que haja proporcional investimento em infraestrutura física e humana nas universidades, o que, para ela, poderá resultar em desqualificação do ensino superior. Ela criticou o condicionamento da liberação de recursos à adesão das universidades ao programa e ao cumprimento das metas. Em sua opinião, a educação superior já vem sendo prejudicada por sucessivos cortes no orçamento e a falta de liberação de verbas às instituições que não aderirem ao Reuni poderá intensificar as dificuldades nas universidades públicas brasileiras.Ela criticou ainda a instituição do Reuni por meio de decreto presidencial (Decreto 6.096/07), sem a necessária discussão com a comunidade acadêmica. Maíra disse concordar com a reestruturação da universidade pública, desde que a forma de fazê-lo seja debatida com os setores envolvidos. Ela informou que o movimento de revogação do Reuni entregou o Livro Cinza do Reuni, ao ministro da Educação, Fernando Haddad, e aos presidentes do Senado, José Sarney, e da Câmara dos Deputados, Michel Temer, tendo ainda protocolado o documento na Presidência da República. O livro é um dossiê-denúncia, explicou, que mostra problemas concretos da aplicação do Reuni em várias universidades. A publicação reúne textos escritos por estudantes de diferentes instituições federais.Bacharelados interdisciplinaresA criação de cursos de bacharelados interdisciplinares, uma modalidade de curso de graduação feita em dois ou três anos e que oferece formação geral em Artes, Humanidades, Ciência e Tecnologia e Saúde, também é criticada pelos estudantes, disse a diretora de Esporte da União Nacional dos Estudantes (Une), Carolina Pinho, que também participa do movimento pela revogação do Reuni. Ela informou que, das 54 universidades que aderiram ao Reuni, apenas 10 instalaram esses cursos, porque os estudantes se manifestaram contrários à modalidade.Carolina Pinho explicou que o acesso a esses cursos se faz via vestibular e o diploma concedido ao estudante não o capacita a ingressar no mercado de trabalho. São cursos, segundo ela, sem utilidade e que geram prejuízo ao estudante e à sociedade. A representante da UNE disse que, apesar de os estudantes reconhecerem a necessidade de mudança na universidade brasileira para melhorar a qualidade do ensino superior, eles não aceitam "qualquer mudança".Ela disse esperar que as autoridades estejam abertas ao debate da questões relacionadas ao Reuni e pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que não ignore "o anseio da maioria dos estudantes brasileiros".
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