terça-feira, 22 de março de 2011

O que fica da visita de Obama ao Brasil?

Presidente norte-americano sai do país deixando para trás acordos comerciais, promessas de petróleo, humilhações e 13 presos políticos

Obama desceu no Brasil com dois objetivos. O primeiro, e declarado, foi estabelecer acordos comerciais, derrubando tarifas alfandegárias, a chamada TECA, na sigla em inglês. E a razão disso, o próprio norte-americano não escondeu: os EUA estão em crise e precisam aumentar as exportações e o Brasil é um mercado grande e em expansão.

Mas os olhos de Obama estavam voltados mesmo ao pré-sal. “Estamos criando um novo diálogo estratégico sobre energia para garantir que as cúpulas dos nossos governos trabalhem conjuntamente para aproveitar novas oportunidades, em particular, como as novas descobertas de petróleo no Brasil”, discursou no Planalto. Com a instabilidade política no Oriente Médio, os EUA enxergam no Brasil uma oportunidade de ouro para espoliar o petróleo. Além da estabilidade, o governo norte-americano encontra aqui uma completa submissão aos seus interesses.

Submissão cujos exemplos foram numerosos em tão rápida visita. Como na revista dos ministros de Dilma na entrada do pronunciamento de Obama aos empresários. Os ministros Guido Mantega (Fazenda), Edson Lobão (Minas e Energia), Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento), foram revistados por seguranças norte-americanos em seu próprio país. A situação lembrou o vexame do então chanceler Celso Lafer, no governo FHC, obrigado a tirar os sapatos para entrar nos EUA.

Apesar do discurso de igualdade, nem na aparência, o governo brasileiro conseguiu esconder seu papel subalterno.

Prisões políticas

Na sexta-feira, 18, após um protesto em frente ao Consulado dos Estados Unidos, 13 pessoas foram presas. Os 13 manifestantes foram presos após um coquetel molotov ter sido lançado no ato em frente ao consulado. Depois de passar a noite na cadeia, nove homens foram levados aos presídios de Ary Franco, onde foram obrigados a raspar a cabeça.

As cenas lembram os presos políticos em Guantánamo, base norte-americana em Cuba, marcada pelo absoluto desrespeito aos Direitos Humanos. “Estamos vendo a situação se repetir aqui no Rio. Por causa da vinda de Obama, inocentes estão presos desde sexta-feira. São os presos políticos de Cabral e Dilma”, protesta Cyro Garcia, presidente do PSTU no Rio, partido que tem 10 militantes nos presídios.

Cerca de uma hora após o presidente Barack Obama ter deixado o país, a Justiça deu um despacho a favor da libertação dos 13 manifestantes, presos desde a sexta-feira, após protesto no Consulado dos Estados Unidos. O grupo está nos presídios de Bangu 8 e Água Santa e deve ser liberado nas próximas horas. No sábado, um juiz de plantão havia negado a liberdade, alegando que os ativistas representariam uma ameaça ao presidente norte-americano e poderiam "macular" a imagem do Brasil.

Durante o final de semana, uma grande campanha foi feita, com atos e milhares de assinaturas de apoio aos presos. "Estamos aliviados e agradecidos por toda a solidariedade. Foi o que garantiu a liberdade ao grupo. Agora é ver se todos estão bem", comemorou Cyro Garcia. Cyro criticou ainda o caráter político das prisões e até na libertação.

PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO – PSTU

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