sexta-feira, 3 de agosto de 2007

TRAIÇÃO ATO II


MEDO E TRAIÇÃO
TRAIÇÃO II ATO


“No dia 15 de março de 1789, atraídos por restos de alimentos apetitosos, grandes ratazanas entraram no palácio do Visconde de Barbacena. Pela porta da frente entrava outro freqüentador daquele meio, só que caminhando sobre duas pernas: Joaquim Silvério dos Reis. Com todas as informações sobre a inconfidência, Silvério corria ao governador para trocar a cabeça dos companheiros pelo perdão das dívidas. Em audiência privada, relatou o que sabia, não poupando pormenores e delatando, um por um, todos os conspiradores. Possivelmente, Barbacena já possuía vagas idéias sobre prováveis levantes; alertado inclusive pelo Vice-Rei Luís de Vasconcelos, sabia da existência de conspiradores em potencial. E, é claro, já havia recebido informações sobre o comportamento do Alferes Joaquim José. Mas agora ficou sabendo de tudo, de quase todos os detalhes”
[1]. Mas quem era essa eminência parda chamada Joaquim Silvério dos Reis? Do grupo dos revolucionários inconfidentes uns eram ativistas, outros os ideólogos e outros eram os contratadores. Este terceiro grupo era formado por aquelas figuras que aderiram à Inconfidência levadas por interesses puramente “fisiológicos”, econômicos. Ricos, mas atolados até o pescoço em dívidas para com a Fazenda Real e ameaçados de perderem seus patrimônios, a cobrança do imposto (a derrama), com a conseqüente rebelião, lhes resolveria uma situação delicada. Joaquim Silvério dos Reis pertencia a este terceiro grupo.
Na história da Inconfidência Mineira ficou explícito o que significa traição, no sentido que quero dar neste texto. A delação política é um ato recorrente na história da humanidade. Talvez o caso mais famoso de traição seja o exposto na Bíblia, no Novo Testamento. A traição de Judas em relação a Jesus e seus Apóstolos. O beijo no rosto selou a traição. Foi o ato concreto da delação. O terceiro exemplo de traição ainda que contestada pela “esquerda-liberal” (PT e dos aliados) é a do Presidente Luís Inácio Nada Sabia da Silva – O LULA. Campanhas políticas milionárias, financiadas por grandes grupos internacionais, banqueiros, mega-empresários, empreiteiros, etc. Com um discurso pra lá de liberalizante coloca em prática de forma furtiva o desmonte do Estado brasileiro dando continuidade as políticas desreguladoras de direitos sociais, conquistados com muita luta, de seus antecessores. O PT e o LULA, além de mentirem aos trabalhadores traem suas esperanças. Marx tem uma frase lapidar em O 18 Brumário de Luís Bonaparte ( o sobrinho de Napoleão) sobre esses acidentes da História: “ Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na História do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa” (marx,1961:203).Aqui falo dos dois mandatos.
O Lula já escolheu seus heróis, seus escudeiros. São eles os grandes usineiros do álcool, são os grandes banqueiros e etc. Neste sentido é um traidor, pois tem um discurso para os pobres e outro para os poderosos. Jesus que não pode ser citado como um revolucionário no sentido moderno do termo, mas dizia sabiamente: não se pode servir a dois senhores.
Da história, se pode revelar lição como nos mostra a poetisa Cecília Meireles em seu Romanceiro da Inconfidência:

“Ambição gera injustiça
Injustiça, covardia
Dos Heróis martirizados
Nunca se esquece a agonia.
Por horror ao sofrimento,
Ao valor se renuncia.

E, à sombra de exemplos graves,
Nascem gerações opressas.
Quem se mata em sonho, esforço,
Mistérios, vigílias, pressas?
Quem confia nos amigos?
Quem acredita em promessas?

Que tempos medonhos chegam,
Depois de tão dura prova?
Quem vai saber, no futuro,
O que se aprova ou reprova?
De que alma é que vai ser feita
essa humanidade nova?”

A traição continuará...?

[1] BARROS, Edgard Luís de. Tiradentes. São Paulo: ed:Moderna, 1985.

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