Internacional: Eleições nos estados Unidos
COMO SERÁ OS ESTADOS UNIDOS DE BARACK OBAMA?
Jeferson Choma, da redação
Barack Hussein Obama é o novo presidente dos Estados Unidos. Não há dúvida que a eleição do primeiro negro a presidência da mais poderosa nação do mundo tem enorme impacto na consciência de milhões. A eleição de um presidente negro era algo impensável há alguns anos.
Milhões saíram às ruas para festejar, sobretudo jovens, mulheres, trabalhadores e a população negra, fartos de George W. Bush. Todos vêem no primeiro presidente negro da história dos EUA a possibilidade de resgatar a esperança.
A eleição de Obama foi comemorada não só nos EUA, mas em todo o mundo. Da Palestina ao Japão, da Inglaterra a África do Sul, milhões de explorados comemoraram a saída de Bush e demonstraram sua simpatia ao novo presidente, esperando que as “coisas mudem”.
Mas festejaram também os grandes capitalistas e seus representantes. A burguesia norte-americana comemorou porque conseguiu realizar com sucesso a troca do desgastado e desprestigiado governo Bush. Até os supostos governos de esquerda da América Latina, como o de Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Lula festejaram o triunfo de Obama.
Mas qual é o significado da vitória de Obama? Porque explorados e exploradores comemoraram sua vitória? Sua eleição representa alguma mudança na dominação imperialista? Seria apenas a escolha de um novo rosto para enfrentar dificuldades do imperialismo norte-americano no mundo e em seu próprio país?
Um gigantesco ‘não’ ao governo Bush
Mais do que uma eleição presidencial, os votos do dia 4 de novembro tiveram o significado de um plebiscito
A vitória de Obama só pode ser explicada a partir da derrota absoluta de toda a política do governo Bush. Em filas de espera de até quatro horas, mais de cem milhões de pessoas aguardava para dizer “não” ao presidente George W. Bush.
O governo de George W. Bush levará para a história o sangue de genocídios e torturas e seu governo será lembrado pela maior crise da economia capitalista desde 1929. Bush foi eleito presidente dos EUA em 2000, em um processo fraudado, num cenário de profundo questionamento da globalização capitalista e dos planos neoliberais. Em 2000 e 2001, o capitalismo produz uma nova crise econômica. Nos países imperialistas, surgiu um movimento anti-globalização, que posteriormente foi capaz de organizar uma mobilização internacional contra a guerra do Iraque.
A crise fez da América Latina um palco de levantes e revoluções, como no Equador, na Bolívia e na Argentina. Governos abertamente neoliberais foram derrubados ou substituídos eleitoralmente. Como expressão distorcida deste processo, uma onda de governos supostamente de esquerda varreu o continente.
Pacote militar
O auge do neoliberalismo dos anos 1990 tinha ficado claramente para trás. Seu declínio apenas começava. Bush assume com o plano agressivo de tentar retornar a situação reacionária da década de 1990 e impedir o ascenso do movimento de massas. Os atentados de 11 de setembro de 2001 foram a desculpa para presidente americano lançar sua doutrina reacionária de “Guerra ao Terror” e lançar uma ofensiva genocida militar no Afeganistão e no Iraque. O objetivo da guerra é roubar o petróleo iraquiano, mas ela também foi usada como remédio temporário para a crise econômica, aumentando a produção de armamentos. O enorme aparato militar consumiu bilhões dos cofres públicos. O resultado imediato foi o espetacular aumento do déficit fiscal e da desigualdade social.
Bush ainda lançou novas ofensivas para a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e tratados bilaterais de livre comércio, os TLCs. Também tentou ampliar o número de bases militares do imperialismo no continente.
Mas nem tudo saiu como o planejado. Bush prometia uma vitória rápida no Iraque. Imaginava um governo fantoche para que as empresas norte-americanas retirassem o petróleo. No entanto, mesmo enviando mais soldados e torrando 12 bilhões de dólares por mês, a resistência do povo iraquiano derrotou este plano. E a ocupação se transformou num pântano que encurralou as tropas invasoras. A guerra se tornou extremamente impopular dentro e fora dos EUA. A situação é crítica para o imperialismo e dificilmente será resolvida a curto prazo.
As guerras de Bush despertaram uma profunda consciência antiimperialista em todo o mundo. Bush é uma figura odiada no mundo todo. Quando visita algum país é recebido com pedras. Os governos do imperialismo europeu deixaram de respaldar publicamente as ações do governo norte-americano. Os que seguiram inteiramente com Bush amargaram profundas derrotas eleitorais.
Na América Latina, o plano da Alca foi derrotado. Os governos que insistiram em TLCs tiveram que se enfrentar com os trabalhadores e acumularam um profundo desgaste.
O fracasso de Bush se refletiu no plano interno. Bilhões eram retirados dos serviços públicos e destinados à guerra – o que ficou explícito no descaso as vítimas do furacão Katrina. Somam-se ainda os inúmeros escândalos de corrupção; a mentira das armas de destruição em massa no Iraque; as torturas a supostos terroristas; as grandes mobilizações dos trabalhadores imigrantes, a precariedade do sistema de saúde e, finalmente, a explosão de uma nova crise econômica que está levando a economia norte-americana a recessão.
As esperanças e as ilusões em Obama
A campanha de Obama entusiasmou milhões que desconfiavam da política feita pelos dois grandes partidos dos EUA
No imaginário da população, Obama é o oposto de Bush. O democrata oferecia uma nova imagem, de um homem negro e jovem com um discurso conciliador, supostamente sensível às necessidades de um povo abandonado por seus governantes. Nas primárias do Partido Democrata, Obama venceu a extraordinária máquina dos Clinton, que representavam o mais do mesmo.
A imagem de Obama não era vinculada aos tradicionais políticos corruptos de Washington. Por isso, sua campanha tornou-se um formidável instrumento para recuperar o prestígio do desgastado e corrupto regime bipartidário norte-americano. Sua campanha capitalizou o voto da população negra, dos latinos e da juventude, que antes não expressavam interesse pela política nacional.
Mais do que invocar clichês ianques, em seu discurso de vitória Obama fez questão de afirmar a força da democracia burguesia norte-americana, dizendo que ao chegar à presidência era uma mostra de que sua "América" é um país onde tudo é possível, onde as oportunidades não têm limites.
Opção da burguesia
Contudo, esqueceu de agregar que isso só foi possível graças aos milhões de dólares investidos pela burguesia em sua campanha. Obama realizou a campanha mais cara da história dos EUA. Recebeu o apoio de grandes multinacionais e dos principais bancos financeiros e dos setores mais dinâmicos da burguesia, como os de tecnologia e de comunicação.
Obama foi uma opção da burguesia mais poderosa do planeta. Algo que se vê no financiamento da sua campanha. Enquanto John McCain coletou US$ 360 milhões, Barack Obama arrecadou US$ 639 milhões.
O sistema político norte-americano baseia-se na existência de dois grandes partidos (republicano e democrata). É certo que os partidos possuem diferenças, mas ambos servem para manter o regime de dominação imperialista.
Os republicanos costumam ser lembrados por suas políticas reacionárias, mas os governos democratas também têm um histórico sujo de agressões. John Kennedy, por exemplo, ordenou a agressão contra a revolução cubana, em 1962, na invasão à Baía dos Porcos. Lindon Jonhson aprofundou o envolvimento dos EUA na guerra do Vietnã. E Harry Truman lançou as bombas atômicas contra o Japão.
É lógico que Obama dá um novo rosto ao regime e desperta ilusões. Mas a opção da burguesia por um presidente negro é justamente uma medida preventiva contra um dos potenciais efeitos da recessão econômica: a temida explosão do barril de pólvora que está se armando nos EUA.
Como Obama vai enfrentar a crise?
Diante de taxas recordes de desemprego e iminentes quebras de empresas, presidente eleito fala em dias difíceis. Prestígio eleitoral será usado para garantir medidas impopulares
Os EUA estão à beira da recessão. Obama, como representante da classe dominante norte-americana, buscará aplicar receitas duríssimas, que atingirão em cheio os trabalhadores, os negros e latinos.
O país já atingiu o maior desemprego dos últimos anos. A taxa de desemprego saiu de 6,1% em setembro para 6,5% em outubro, o mais alto patamar desde março de 1994. A onda de demissões está varrendo o setor financeiro, automotivo e a construção civil e vai prosseguir. Gigantes como a General Motors e a Ford estão à beira de pedir concordata. Além disso, por não conseguirem pagar as hipotecas, cinco milhões de famílias serão despejadas. A média de dívidas do cidadão norte-americano é de 139% de sua renda. Já endividadas, muitas pessoas ainda correm o risco de perder seus empregos ou ter seus salários rebaixados, o que é permitido pela legislação do país.
Além disso, o mandato de Obama terá que enfrentar dois gigantescos déficits (o comercial e fiscal), cuja soma é de 1,3 trilhão de dólares, sem contar com os 700 bilhões destinados por Bush aos bancos. Obama já cobrou de Bush um novo pacote para as montadoras. Isso significa o desvio de dinheiro das verbas sociais para salvar grandes empresários.
Enquanto a consciência da população continua na direção da esperança, a realidade econômica se move na direção contrária. Obama passou a campanha vendendo ilusões para a população. Mas não poderá entregá-las. Com a recessão, a “esperança” será fraudada.
Na sua primeira entrevista como presidente eleito, Obama deixou claro que “sair do buraco não será fácil” e muitos dos seus assessores já falam em “adiar as promessas de campanha”.
Assim como muitos órgãos de imprensa, o Wall Street Journal – conhecido jornal do capital financeiro - assinala que a brutal crise em curso e o déficit do Estado “limitarão as opções de que possa dispor Obama”.
Provavelmente, os primeiros dias de governo, a partir de 20 de janeiro, serão marcados pelo envio de mais dinheiro a empresas e a adoção de instrumentos de regulação estatal nos mercados. O que não significa nenhuma mudança substancial do modelo atual. Seria uma tentativa de criar um “neoliberalismo mais regulado”, mantendo as duras condições de exploração dos trabalhadores. Para isso, Obama já se cerca de antigas figuras neoliberais da administração de Bill Clinton e até mesmo da de Bush.
Obama poderá até culpar por algum tempo a “herança maldita” de Bush, mas para sair da crise sem atacar os empresários, seu governo terá que atacar brutalmente o nível de vida dos trabalhadores, convertendo a esperança em desilusão.
O que vai acontecer quando a esperança se transformar em frustração? O movimento operário norte-americano ficará paralisado enquanto milhões perdem seus empregos e casas?
A burguesia norte-americana tirou lições da Grande Depressão de 1929. Na época, o movimento operário levantou sua cabeça e realizou importantes greves, como a dos mineiros e a dos caminhoneiros em Minneapolis, em 1934. A força das greves fez surgir um sindicalismo combativo e um processo de reorganização do movimento sindical, culminando na criação de uma nova central independente, a CIO.
O fantasma de explosões sociais, sejam sindicais ou populares, assombra os capitalistas. A burguesia norte-americana teme uma nova luta da classe operária dos EUA, pois sabe que ela poderá fazer tremer os alicerces do imperialismo em todo o mundo.
OLHO
O que vai acontecer quando a esperança se transformar em frustração? O movimento operário ficará paralisado enquanto milhões perdem seus empregos e casas?
COMO SERÁ OS ESTADOS UNIDOS DE BARACK OBAMA?
Jeferson Choma, da redação
Barack Hussein Obama é o novo presidente dos Estados Unidos. Não há dúvida que a eleição do primeiro negro a presidência da mais poderosa nação do mundo tem enorme impacto na consciência de milhões. A eleição de um presidente negro era algo impensável há alguns anos.
Milhões saíram às ruas para festejar, sobretudo jovens, mulheres, trabalhadores e a população negra, fartos de George W. Bush. Todos vêem no primeiro presidente negro da história dos EUA a possibilidade de resgatar a esperança.
A eleição de Obama foi comemorada não só nos EUA, mas em todo o mundo. Da Palestina ao Japão, da Inglaterra a África do Sul, milhões de explorados comemoraram a saída de Bush e demonstraram sua simpatia ao novo presidente, esperando que as “coisas mudem”.
Mas festejaram também os grandes capitalistas e seus representantes. A burguesia norte-americana comemorou porque conseguiu realizar com sucesso a troca do desgastado e desprestigiado governo Bush. Até os supostos governos de esquerda da América Latina, como o de Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Lula festejaram o triunfo de Obama.
Mas qual é o significado da vitória de Obama? Porque explorados e exploradores comemoraram sua vitória? Sua eleição representa alguma mudança na dominação imperialista? Seria apenas a escolha de um novo rosto para enfrentar dificuldades do imperialismo norte-americano no mundo e em seu próprio país?
Um gigantesco ‘não’ ao governo Bush
Mais do que uma eleição presidencial, os votos do dia 4 de novembro tiveram o significado de um plebiscito
A vitória de Obama só pode ser explicada a partir da derrota absoluta de toda a política do governo Bush. Em filas de espera de até quatro horas, mais de cem milhões de pessoas aguardava para dizer “não” ao presidente George W. Bush.
O governo de George W. Bush levará para a história o sangue de genocídios e torturas e seu governo será lembrado pela maior crise da economia capitalista desde 1929. Bush foi eleito presidente dos EUA em 2000, em um processo fraudado, num cenário de profundo questionamento da globalização capitalista e dos planos neoliberais. Em 2000 e 2001, o capitalismo produz uma nova crise econômica. Nos países imperialistas, surgiu um movimento anti-globalização, que posteriormente foi capaz de organizar uma mobilização internacional contra a guerra do Iraque.
A crise fez da América Latina um palco de levantes e revoluções, como no Equador, na Bolívia e na Argentina. Governos abertamente neoliberais foram derrubados ou substituídos eleitoralmente. Como expressão distorcida deste processo, uma onda de governos supostamente de esquerda varreu o continente.
Pacote militar
O auge do neoliberalismo dos anos 1990 tinha ficado claramente para trás. Seu declínio apenas começava. Bush assume com o plano agressivo de tentar retornar a situação reacionária da década de 1990 e impedir o ascenso do movimento de massas. Os atentados de 11 de setembro de 2001 foram a desculpa para presidente americano lançar sua doutrina reacionária de “Guerra ao Terror” e lançar uma ofensiva genocida militar no Afeganistão e no Iraque. O objetivo da guerra é roubar o petróleo iraquiano, mas ela também foi usada como remédio temporário para a crise econômica, aumentando a produção de armamentos. O enorme aparato militar consumiu bilhões dos cofres públicos. O resultado imediato foi o espetacular aumento do déficit fiscal e da desigualdade social.
Bush ainda lançou novas ofensivas para a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e tratados bilaterais de livre comércio, os TLCs. Também tentou ampliar o número de bases militares do imperialismo no continente.
Mas nem tudo saiu como o planejado. Bush prometia uma vitória rápida no Iraque. Imaginava um governo fantoche para que as empresas norte-americanas retirassem o petróleo. No entanto, mesmo enviando mais soldados e torrando 12 bilhões de dólares por mês, a resistência do povo iraquiano derrotou este plano. E a ocupação se transformou num pântano que encurralou as tropas invasoras. A guerra se tornou extremamente impopular dentro e fora dos EUA. A situação é crítica para o imperialismo e dificilmente será resolvida a curto prazo.
As guerras de Bush despertaram uma profunda consciência antiimperialista em todo o mundo. Bush é uma figura odiada no mundo todo. Quando visita algum país é recebido com pedras. Os governos do imperialismo europeu deixaram de respaldar publicamente as ações do governo norte-americano. Os que seguiram inteiramente com Bush amargaram profundas derrotas eleitorais.
Na América Latina, o plano da Alca foi derrotado. Os governos que insistiram em TLCs tiveram que se enfrentar com os trabalhadores e acumularam um profundo desgaste.
O fracasso de Bush se refletiu no plano interno. Bilhões eram retirados dos serviços públicos e destinados à guerra – o que ficou explícito no descaso as vítimas do furacão Katrina. Somam-se ainda os inúmeros escândalos de corrupção; a mentira das armas de destruição em massa no Iraque; as torturas a supostos terroristas; as grandes mobilizações dos trabalhadores imigrantes, a precariedade do sistema de saúde e, finalmente, a explosão de uma nova crise econômica que está levando a economia norte-americana a recessão.
As esperanças e as ilusões em Obama
A campanha de Obama entusiasmou milhões que desconfiavam da política feita pelos dois grandes partidos dos EUA
No imaginário da população, Obama é o oposto de Bush. O democrata oferecia uma nova imagem, de um homem negro e jovem com um discurso conciliador, supostamente sensível às necessidades de um povo abandonado por seus governantes. Nas primárias do Partido Democrata, Obama venceu a extraordinária máquina dos Clinton, que representavam o mais do mesmo.
A imagem de Obama não era vinculada aos tradicionais políticos corruptos de Washington. Por isso, sua campanha tornou-se um formidável instrumento para recuperar o prestígio do desgastado e corrupto regime bipartidário norte-americano. Sua campanha capitalizou o voto da população negra, dos latinos e da juventude, que antes não expressavam interesse pela política nacional.
Mais do que invocar clichês ianques, em seu discurso de vitória Obama fez questão de afirmar a força da democracia burguesia norte-americana, dizendo que ao chegar à presidência era uma mostra de que sua "América" é um país onde tudo é possível, onde as oportunidades não têm limites.
Opção da burguesia
Contudo, esqueceu de agregar que isso só foi possível graças aos milhões de dólares investidos pela burguesia em sua campanha. Obama realizou a campanha mais cara da história dos EUA. Recebeu o apoio de grandes multinacionais e dos principais bancos financeiros e dos setores mais dinâmicos da burguesia, como os de tecnologia e de comunicação.
Obama foi uma opção da burguesia mais poderosa do planeta. Algo que se vê no financiamento da sua campanha. Enquanto John McCain coletou US$ 360 milhões, Barack Obama arrecadou US$ 639 milhões.
O sistema político norte-americano baseia-se na existência de dois grandes partidos (republicano e democrata). É certo que os partidos possuem diferenças, mas ambos servem para manter o regime de dominação imperialista.
Os republicanos costumam ser lembrados por suas políticas reacionárias, mas os governos democratas também têm um histórico sujo de agressões. John Kennedy, por exemplo, ordenou a agressão contra a revolução cubana, em 1962, na invasão à Baía dos Porcos. Lindon Jonhson aprofundou o envolvimento dos EUA na guerra do Vietnã. E Harry Truman lançou as bombas atômicas contra o Japão.
É lógico que Obama dá um novo rosto ao regime e desperta ilusões. Mas a opção da burguesia por um presidente negro é justamente uma medida preventiva contra um dos potenciais efeitos da recessão econômica: a temida explosão do barril de pólvora que está se armando nos EUA.
Como Obama vai enfrentar a crise?
Diante de taxas recordes de desemprego e iminentes quebras de empresas, presidente eleito fala em dias difíceis. Prestígio eleitoral será usado para garantir medidas impopulares
Os EUA estão à beira da recessão. Obama, como representante da classe dominante norte-americana, buscará aplicar receitas duríssimas, que atingirão em cheio os trabalhadores, os negros e latinos.
O país já atingiu o maior desemprego dos últimos anos. A taxa de desemprego saiu de 6,1% em setembro para 6,5% em outubro, o mais alto patamar desde março de 1994. A onda de demissões está varrendo o setor financeiro, automotivo e a construção civil e vai prosseguir. Gigantes como a General Motors e a Ford estão à beira de pedir concordata. Além disso, por não conseguirem pagar as hipotecas, cinco milhões de famílias serão despejadas. A média de dívidas do cidadão norte-americano é de 139% de sua renda. Já endividadas, muitas pessoas ainda correm o risco de perder seus empregos ou ter seus salários rebaixados, o que é permitido pela legislação do país.
Além disso, o mandato de Obama terá que enfrentar dois gigantescos déficits (o comercial e fiscal), cuja soma é de 1,3 trilhão de dólares, sem contar com os 700 bilhões destinados por Bush aos bancos. Obama já cobrou de Bush um novo pacote para as montadoras. Isso significa o desvio de dinheiro das verbas sociais para salvar grandes empresários.
Enquanto a consciência da população continua na direção da esperança, a realidade econômica se move na direção contrária. Obama passou a campanha vendendo ilusões para a população. Mas não poderá entregá-las. Com a recessão, a “esperança” será fraudada.
Na sua primeira entrevista como presidente eleito, Obama deixou claro que “sair do buraco não será fácil” e muitos dos seus assessores já falam em “adiar as promessas de campanha”.
Assim como muitos órgãos de imprensa, o Wall Street Journal – conhecido jornal do capital financeiro - assinala que a brutal crise em curso e o déficit do Estado “limitarão as opções de que possa dispor Obama”.
Provavelmente, os primeiros dias de governo, a partir de 20 de janeiro, serão marcados pelo envio de mais dinheiro a empresas e a adoção de instrumentos de regulação estatal nos mercados. O que não significa nenhuma mudança substancial do modelo atual. Seria uma tentativa de criar um “neoliberalismo mais regulado”, mantendo as duras condições de exploração dos trabalhadores. Para isso, Obama já se cerca de antigas figuras neoliberais da administração de Bill Clinton e até mesmo da de Bush.
Obama poderá até culpar por algum tempo a “herança maldita” de Bush, mas para sair da crise sem atacar os empresários, seu governo terá que atacar brutalmente o nível de vida dos trabalhadores, convertendo a esperança em desilusão.
O que vai acontecer quando a esperança se transformar em frustração? O movimento operário norte-americano ficará paralisado enquanto milhões perdem seus empregos e casas?
A burguesia norte-americana tirou lições da Grande Depressão de 1929. Na época, o movimento operário levantou sua cabeça e realizou importantes greves, como a dos mineiros e a dos caminhoneiros em Minneapolis, em 1934. A força das greves fez surgir um sindicalismo combativo e um processo de reorganização do movimento sindical, culminando na criação de uma nova central independente, a CIO.
O fantasma de explosões sociais, sejam sindicais ou populares, assombra os capitalistas. A burguesia norte-americana teme uma nova luta da classe operária dos EUA, pois sabe que ela poderá fazer tremer os alicerces do imperialismo em todo o mundo.
OLHO
O que vai acontecer quando a esperança se transformar em frustração? O movimento operário ficará paralisado enquanto milhões perdem seus empregos e casas?
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